A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 3: A AVENTURA DA CAIXA DE CARTÃO Pág. 46 / 210

- Há objecções à teoria da brincadeira, evidentemente - disse -, mas as que existem contra a outra são muito mais fortes. Sabemos que esta mulher levou uma vida extremamente calma e respeitável em Penge, a mesma vida que leva aqui há vinte anos. Durante todo este tempo, terá passado um dia fora de casa. Por que diabo haveria um criminoso de lhe mandar as provas do seu crime, principalmente se ela, a não ser que estejamos perante a mais consumada das actrizes, sabe tanto do assunto como nós?

- Esse é o problema que temos de resolver - respondeu Holmes - e, pela minha parte, vou começar partindo do princípio de que o meu raciocínio está correcto e de que foi cometido um duplo assassínio. Uma das orelhas é de mulher: pequena; delicada e furada para brinco. A outra é de um homem queimada do sol, descorada e também furada para um brinco. Estas pessoas estão presumivelmente mortas, caso contrário já saberíamos da sua história macabra. Hoje é sexta-feira. A encomenda foi enviada na quinta de manhã. A tragédia ocorreu, portanto, na terça ou na quarta-feira, ou mais cedo ainda. Se essas duas pessoas foram assassinadas, quem, salvo o assassino, teria mandado este sinal da sua obra a Miss Cushing? O homem que enviou a caixa a Miss Cushing é, sem dúvida, o nosso homem. Mas deve haver um estranho motivo para ele ter mandado a encomenda a Miss Cushing. Que motivo? Deve ter querido dizer-lhe que o trabalho estava feito, ou mortificá-la, talvez. Mas isto pressupõe que Miss Cushing sabe quem ele é. Saberá? Duvido. Se soubesse; por que teria chamado a polícia? Enterrava as orelhas e ninguém saberia de nada: Era o que teria feito se quisesse proteger o criminoso. Mas se não quer, revelaria o seu nome.





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