- Tem duas irmãs, creio.
- Como sabe?
- Ao entrar na sala, reparei num retrato de grupo com três senhoras, por cima do fogão. Uma delas é indubitavelmente a senhora e as outras são parecidíssimas consigo. Não, podia haver dúvida quanto ao parentesco.
- Sim, tem razão. São as minhas irmãs Sarah e Mary.
- E aqui a meu lado está outro retrato; tirado em Liverpool, da sua irmã mais nova, na companhia de um homem que, pelo uniforme, parece ser criado de bordo. Vejo que na altura era solteira.
- O senhor é muito bom observador.
- É o meu ofício.
- Tem razão. Casaria com Mr. Browner dias depois. Ele trabalhava na linha da América do Sul quando o retrato foi tirado, mas gostava tanto dela que não suportou a ideia de a deixar por tanto tempo e mudou-se para os barcos de Liverpool e Londres.
- Ah, o Conquerer, talvez?
- Não, o May Day, da última vez que soube dele. Jim veio visitar-me uma vez, antes de quebrar a promessa; depois disso, bebia sempre que estava em terra e um só gole bastava para o enlouquecer. Ah! Que dia maldito esse em que ele recomeçou a beber! Primeiro cortou relações comigo, depois com Sarah, e agora que Mary deixou de escrever não sabemos o que se passa com eles.
Era evidente que Miss Cushing abordava um assunto que a magoava profundamente. Tal como a maioria das pessoas que levam uma vida solitária, mostrou-se tímida a princípio, mas acabou por se tornar extremamente comunicativa. Contou-nos muitos pormenores acerca do cunhado, o criado de bordo, e divagou depois para o tema dos seus antigos inquilinos, os estudantes de medicina, fazendo-nos um extenso relato das suas tropelias com os seus nomes e dos respectivos hospitais.