»Não sei se foi pura maldade dessa mulher ou se ela pensou que podia virar-me contra a minha esposa, encorajando-a a comportar-se mal. Seja como for, alugou uma casa duas ruas abaixo e dava cama a marinheiros. Fairbairn costumava lá ficar, e Mary ia tomar chá com a irmã e com ele. Não sei quantas vezes lá foi mas, um dia, segui-a. Ao ver-me à porta, Fairbairn fugiu para o fundo do jardim das traseiras, cobardão que era. Jurei à minha mulher que a matava se a tornasse a ver na companhia dele e levei-a comigo, trémula e a chorar, branca como uma folha de papel. Já não existia o menor sinal de amor entre nós. Eu via que ela me odiava e me temia, e quando isso me afundou outra vez na bebida, Mary continuou a desprezar-me.
»Entretanto, Sarah concluiu que não podia viver mais em Liverpool e foi, ao que sei, viver com a irmã, em Croydon. Mas em casa as coisas não se modificaram. E então chegou a última semana e toda a tragédia e ruína.
»Foi assim. Tínhamos saído no May Day para uma viagem de sete dias, mas um casco soltou-se e rompeu uma placa; tivemos de regressar ao porto por doze horas. Desembarquei e fui a casa, pensando na surpresa que faria a minha mulher, esperançado em que talvez ela ficasse contente de me ver tão depressa.