Levava esta ideia na cabeça quando entrei na rua e, nesse momento, passou por mim um trem... Lá ia ela, ao lado de Fairbairn, os dois a conversar e a rir, sem darem por mim, que os via do passeio.
»Dou-lhe a minha palavra que a partir desse momento deixei de ser senhor de mim próprio e que tudo me parece um sonho quando olho para trás. Andava a beber muito e as duas coisas deram-me a volta à cabeça. Ainda agora sinto uma coisa a bater-me na cabeça, como um martelo, mas nessa manhã julguei que todo o Niágara trovejava aos meus ouvidos.
»Pus-me a correr atrás do trem. Levava na mão uma pesada moca de carvalho e só via sangue à minha frente. Mas consegui, apesar de tudo, reflectir e deixei-me atrasar um pouco para os ver sem ser visto. Não tardaram a parar na estação do caminho-de-ferro. Havia muita gente à roda da bilheteira e pude aproximar-me sem que me vissem. Compraram bilhetes para New Brighton. Fiz o mesmo, mas instalei-me três carruagens atrás deles. Chegámos, e eles percorreram a Parade, comigo nunca a mais de cem metros. Vi-os finalmente alugar um barco e partir para um passeio. O dia estava muito quente e pensavam com certeza que na água estaria mais fresco.
»Foi como se me tivessem vindo ter às mãos. Havia uma certa névoa que não deixava ver a mais de umas centenas de metros de distância. Aluguei um barco e segui-os. Avistava o vulto da embarcação, mas eles navegavam quase tão depressa como eu e só percorrida uma boa milha desde a costa os apanhei. O nevoeiro parecia uma cortina a envolver-nos; éramos três no meio dele. Meu Deus, será que algum dia esquecerei os seus rostos quando viram quem se encontrava no barco a aproximar-se? Ela gritou. Ele praguejou como um possesso e atacou-me com um remo, pois deve ter lido a morte nos meus olhos.