Porém, se os escravos condenados se revoltam e insurgem, condenam-nos à morte como animais ferozes e desesperados que nem as cadeias nem a prisão podem domar ou conter. Aqueles, no entanto, que suportam a escravidão pacientemente, não os deixam perder completamente a esperança. Se depois de terem sido dobrados e domados pelas longas misérias sofridas mostrarem verdadeiro arrependimento, que demonstre que o crime lhes é mais pesado que o castigo, por vezes, por prerrogativa do príncipe, ou mesmo pelo consentimento do povo, é-lhes mitigada a servidão, ou mesmo chegam a ser libertados e perdoados.
O que incita ao adultério não incorre em menos perigo que o que propriamente o comete. Em todos os crimes consideram a intenção, o propósito, tão grave como o próprio acta, pois pensam que um impedimento à consumação do crime não é desculpa para quem o não fez, mas que sem dúvida o teria cometido, se não tivesse encontrado obstáculos no seu caminho.
Divertem-se, com especial-prazer, com os bobos. Como consideram vergonhoso maltratá-los ou insultá-los, não proíbem a si próprios o prazer que se tira da loucura, que aliás alcançou óptimos resultados nos bobos. E, se alguém for tão tristonho