A Harpa do Crente - Cap. 10: A CRUZ MUTILADA Pág. 106 / 117

A CRUZ MUTILADA

Amo-te, ó cruz, no vértice firmada

De esplêndidas igrejas;

Amo-te quando à noite, sobre a campa,

Junto ao cipreste alvejas;

Amo-te sobre o altar, onde, entre incensos,

As preces te rodeiam;

Amo-te quando em préstito festivo

As multidões te hasteiam;

Amo-te erguida no cruzeiro antigo,

No adro do presbitério,

Ou quando o morto, impressa no ataúde,

Guias ao cemitério;

Amo-te, ó cruz, até, quando no vale

Negrejas triste e só,

Núncia do crime, a que deveu a terra

Do assassinado o pó:

Porém quando mais te amo,

Ó cruz do meu Senhor,

É, se te encontro à tarde,

Antes de o Sol se pôr,

Na clareira da serra,

Que o arvoredo assombra,

Quando à luz que fenece

Se estira a tua sombra,

E o dia últimos raios

Com o luar mistura,

E o seu hino da tarde

O pinheiral murmura.





Os capítulos deste livro