A Harpa do Crente - Cap. 3: A ARRÁBIDA Pág. 55 / 117

Que mal te faz, que gozo vai roubar-te

O que ensanguenta os pés no tojo agreste,

E sobre a fria pedra encosta a fronte?

Que mal te faz uma oração erguida,

Nas solidões, por voz sumida e frouxa,

E que, subindo aos Céus, só Deus escuta?

Oh, não insultes lágrimas alheias,

E deixa a fé ao que não tem mais nada!...

E se estes versos te contristam, rasga-os.

Teus menestréis te venderão seus hinos,

Nos banquetes opíparos, enquanto

O negro pão repartirá comigo,

Seu trovador, o pobre anacoreta,

Que não te inveja as ditas, como as c’roas

Do prazer ao cantor eu não invejo;

Tristes coroas, sob as quais às vezes

Está gravada uma inscrição d’infâmia.

Do nardo recendente.





Os capítulos deste livro