O Bobo - Cap. 12: XII - A mensagem Pág. 113 / 191

– Mas porque credes vós isso? – interrompeu o coudel.

– Porque o alferes-mor me jurou que eu expunha a cabeça se alguém passasse por nós vindo do burgo, que não fosse logo tomado, ou se me afastasse além das barreiras um tiro de balista. Que significam semelhantes disposições, senão o intento de colher às mãos os desleais?

– Isso agora é outro falar – rosnou o coudel. – Em tal caso... é claro...

A quadrilha havia seguido de novo sua rolda, e o trovador só pôde perceber mais essas poucas palavras truncadas.

Encostado a uma árvore com a rédea do ginete no braço, o cavaleiro ficou embebido em cogitações. Um acaso lhe dera a conhecer a impossibilidade de pôr por obra os seus intentos, se ainda na seguinte noite durassem as precauções de que ouvira falar. Mas donde haviam nascido as suspeitas que despertaram a tal ponto os receios do conde de Trava? Tê-lo-iam reconhecido através do seu disfarce? Fora acaso ouvida a conversação que tivera com o Lidador? Perdia-se num mar de conjecturas, e sucessivamente imaginava e desfazia mil alvitres para salvar Dulce, para cumprir sua promessa e ver coroado seu amor; mas no meio da agitação em que o lançara a nova que escutara, baralhavam-se-lhe cada vez mais os pensamentos tumultuosos.

Lembrou-se de voltar a Guimarães, mas nem já, provavelmente, a entrada era fácil, nem ele podia deixar de se dirigir ao arraial do infante a dar conta da missão de que se encarregara. Assim, posto que vivamente inquieto, cavalgou de novo, e breve se achou fora da extensa selva que naquela época se estendia ao norte de Guimarães.





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