O Bobo - Cap. 8: VIII - Reconciliação Pág. 79 / 191

– Parte pois – disse com voz débil – mas ama-me sempre muito!

Egas então caindo a seus pés, e pegando-lhe na mão com uma alegria que tocava quase as raias da loucura, cobriu-lha de beijos.

– Oh, amar-te!? – dizia ele. – Mil vezes mais que a vida; cem vezes mais que a honra de cavaleiro! Amanhã! Amanhã... e para sempre! E erguendo-se rapidamente desapareceu no passadiço escuro, que dava saída para a corredoura.

Dulce parecia petrificada olhando para o sítio por onde Egas saíra, como quem tentava ainda descobrir a sua imagem, escutar a sua voz, no meio das trevas da noite e do silêncio profundo que a rodeava.

Não ouviu, porém, mais que o tropear de um cavalo que partia a galope, nem viu mais que a luz reflexa da sala do banquete que, batendo pelo interior das muralhas do castelo, tingia um grande lanço da cerca com a claridade baça e variegada, que jorrava pelas vidraças de mil cores do festivo aposento.

Dulce ajoelhou e, alevantando as mãos juntas para o céu, onde cintilavam miríadas de estrelas que mal podia distinguir através das próprias lágrimas, exclamou com um gesto de íntima agonia:

– Meu Deus, meu Deus! Porque me desfalece a esperança?!

Era o coração que lhe predizia algum sucesso terrível? Quem sabe?





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