Folhas Caídas - Cap. 21: Capítulo XX Pág. 42 / 80

Capítulo XX

ESTES SÍTIOS!

Olha bem estes sítios queridos,

Vê-os bem neste olhar derradeiro...

Ai! o negro dos montes erguidos,

Ai! o verde do triste pinheiro!

Que saudades que deles teremos...

Que saudade! ai, amor, que saudade!

Pois não sentes, neste ar que bebemos,

No acre cheiro da agreste ramagem,

Estar-se alma a tragar liberdade

E a crescer de inocência e vigor!

Oh! aqui, aqui só se engrinalda

Da pureza da rosa selvagem,

E contente aqui só vive Amor.

O ar queimado das salas lhe escalda

De suas asas o níveo candor,

E na frente arrugada lhe cresta

A inocência infantil do pudor.

E oh! deixar tais delícias como esta!

E trocar este céu de ventura

Pelo inferno da escrava cidade!

Vender alma e razão à impostura,

Ir saudar a mentira em sua corte,

Ajoelhar em seu trono à vaidade,

Ter de rir nas angústias da morte,

Chamar vida ao terror da verdade.





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