Folhas Caídas - Cap. 39: Capítulo XIII Pág. 67 / 80


Como nos gelos do Norte

O sono traidor da morte

Engana o desfalecido

Que imagina adormecer,

Assim cansado, esvaído

De tão longo padecer,

Já não há no coração

Da mãe força de sentir;

Não tem já lume a razão

Senão só para a iludir.

Acorda, ó mãe desgraçada,

Que é tempo de despertar!

Anda ver a eça armada,

As luzes que ardem no altar.

Ouves? É a rouca toada

Dos padres a salmear!...

Vamos, que a hora é chegada,

É tempo de o amortalhar.

E os anjos cantavam:

- Aleluia!

E os santos clamavam:

- Hossana!

Ao triste cantar da Terra

Responde o cantar do Céu;

Todos lhe bradam: - Morreu!

E a todos o ouvido cerra.

E os sinos a tocar,

E os padres a rezar,

E ela ainda a acalentar

Nos braços o filho morto,

Que já não tem mais conforto,

Mais sossego neste mundo

Que o jazigo húmido e fundo

Onde há-de ir a sepultar.





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