O Crime do Padre Amaro - Cap. 7: Capítulo 7 Pág. 107 / 478

- E agora? perguntou Amaro.

- Agora saltar, disse ela rindo.

- Cá vai! exclamou ele.

Traçou a capa, saltou: mas escorregou nas ervas húmidas, - e imediatamente Amélia, debruçando-se, rindo muito, com grandes acenos de mãos:

- E agora adeus, senhor pároco, que eu vou ter com a D. Maria. Aí fica preso na fazenda. Para cima não pode o senhor pular, pela cancela não pode o senhor passar! É o senhor pároco que está preso...

- Ó menina Amélia! ó menina Amélia!

Ela cantarolava-lhe, escarnecendo:

Fico sozinha à varanda,

Que o meu bem está na prisão!

Aquelas maneirinhas excitavam o padre - e com os braços erguidos, a voz cálida:

- Salte, salte!

Ela então fez voz de mimo:

- Ai, tenho medinho! tenho medinho...

- Salte, menina!

- Lá vai! gritou ela bruscamente.

Saltou, foi cair-lhe sobre o peito com um gritinho. Amaro resvalou, firmou-se - e sentindo entre os braços o corpo dela, apertou-a brutalmente e beijou-a com furor no pescoço

Amélia desprendeu-se, ficou diante dele, sufocada, com a face em brasa, compondo na cabeça e em roda do pescoço, com as mãos trêmulas, as pregas da manta de lã. Amaro disse-lhe:

- Ameliazinha!

Mas ela de repente apanhou os vestidos, correu ao comprido do valado. Amaro, com grandes passadas, seguiu-a atarantado. Quando chegou à cancela, Amélia falava ao caseiro, que aparecia com a chave.

Atravessaram o campo junto ao regueiro, depois a rua coberta com a parreira. Amélia adiante palrava com o caseiro; e atrás Amaro, de cabeça baixa, seguia muito murcho. Ao pé da casa Amélia parou, fazendo-se vermelha, compondo sempre a manta em redor do pescoço:

- Ó Antônio, disse, ensine o portão ao senhor pároco. Muito boas tardes, senhor pároco.





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