O Primo Basílio - Cap. 1: CAPÍTULO I Pág. 23 / 414

Gente endomingada começava a recolher, com um ar derreado do longo passeio, as botas empoeiradas; mulheres de xale, vindas das hortas, traziam ao colo as crianças adormecidas da caminhada e do calor; velhos plácidos, de calça branca, o chapéu na mão, gozavam a frescura, dando um giro no bairro: pelas janelas, bocejava-se; o céu tomava uma cor azulada e polida, como uma porcelana; um sino repicava a distância o fim de alguma festa de igreja; e o domingo terminava, com uma serenidade cansada e triste.

- Luísa - disse a voz de Jorge.

Ela voltou-se com um vago - "bem"?

- Vamos jantar, filha, são sete horas.

No meio do quarto tomou-a pela cinta e falando-lhe baixo junto à face:

- Tu zangaste-te há bocado?

- Não! Tu tens razão. Conheço que tens razão.

- Ah! - fez ele com um tom vitorioso, muito satisfeito. - Está claro,

Quem melhor conselheiro e bom amigo

Que o marido que a alma m'escolheu?

E com uma ternura grave:

- Minha querida filha, esta nossa casinha é tão honesta que é uma dor de alma ver entrar essa mulher aqui, com o cheiro de feno, do cigarro e do resto!... Ma, di questo non parlaremo più, o donna mia! À sopa!





Os capítulos deste livro