A Década Perdida - Cap. 2: O DIAMANTE DO TAMANHO DO RITZ Pág. 73 / 182

A água tomou um tom rosa pálido e, de quatro cabeças de morsa em miniatura aos cantos da banheira, jorraram jactos de sabonete líquido. Num instante, uma dúzia de pequenas rodas propulsoras fixas aos lados agitou a mistura até ela se transformar num arco-íris radioso de espuma cor-de-rosa que o envolvia docemente com a sua maravilhosa luminosidade, e se desfazia em bolhas rosadas e brilhantes à volta deles.

- Ligo o projector de filmes, Sir? - sugeriu o negro atencioso. - Temos na máquina uma comédia muito boa de uma bobina ou, se preferir, posso pôr num instante um filme sério.

- Não, obrigado - respondeu John delicada mas firmemente. Estava a gostar demais do banho para querer qualquer distracção. Mas surgiu mesmo uma distracção. De repente, estava ouvindo o som de flautas vindo de fora, flautas que deixavam cair, como gotas, uma melodia semelhante a uma cascata, tão fresca e verde como o próprio aposento, acompanhando um flautim álacre numa execução mais delicada do que a renda de espuma que o cobria e encantava.

Depois de um duche tonificante de água salgada fria, para terminar, saiu da banheira e foi envolvido num roupão macio, e massajado com óleo, álcool e especiarias sobre um sofá coberto com o mesmo material. A seguir sentou-se numa cadeira voluptuosa enquanto lhe faziam a barba e lhe penteavam o cabelo.

- Mr. Percy está à sua espera, Sir, na sala de estar - disse o negro, depois de terminadas aquelas operações. - Chamo-me Gygsum, Mr. Unger, Sir. Virei cuidar de Mr. Unger todas as manhãs.

John saiu para o sol cintilante que banhava a sua sala de estar, onde encontrou o pequeno-almoço e Percy à sua espera; Percy esplendoroso nas suas calças de golfe em pele branca, fumando numa cadeira de repouso.





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