Gatsby tinha sido chamado ao telefone - e duas semanas antes eu divertira-me com esta mesma gente. Mas o que então me divertira empestava agora a atmosfera.
- Como se sente, Miss Baedeker?
A rapariga a quem se dirigiam tentava em vão cair sobre o meu ombro. Ao ouvir a pergunta, endireitou-se e abriu os olhos:
- Quê?
U ma mulher apática e volumosa, que estivera a desafiar Daisy para ir jogar golfe com ela, no dia seguinte, no clube local, interveio a favor de Miss Baedeker:
- Oh, ela já está bem! Sempre que bebe cinco ou seis cocktails, começa a gritar dessa maneira. Bem lhe digo que se deixe de bebidas.
- Mas eu não bebo - afirmou falsamente a acusada.
- Ouvimo-la berrar e eu disse aqui ao doutor Civet: «Há ali alguém a precisar da sua ajuda, doutor».
- Tenho a certeza de que lhe está muito grata - disse outra amiga, sem gratidão nenhuma. - Mas a senhora molhou-lhe o vestido todo quando lhe meteu a cabeça na piscina.
- Se há coisa que detesto é que me metam a cabeça dentro da água - resmungou Miss Baedeker. - Por essas e por outras é que eu me ia afogando uma vez, em New Jersey.
- Por isso mesmo é que devia deixar de beber - contrapôs o doutor Civet.
- Fale mas é por si! - exclamou veementemente Miss Baedeker. - Até as mãos lhe tremem! A mim é que o senhor não operava!
Levaram todo o tempo nisto. Praticamente, a única coisa de que me lembro é de estar de pé, ao lado de Daisy, a observar o realizador de cinema e a sua estrela. Continuavam debaixo da ameixoeira branca e os seus rostos tocavam-se, admitindo de permeio não mais do que um fino e pálido raio de luar. Ocorreu-me então que ele passara toda a noite a debruçar-se, pouco a pouco, cada vez mais sobre ela, para chegar a esta proximidade, e justamente enquanto eu estava a observá-los vi-o inclinar-se um grau mais e beijá-la na face.