A uns cinquenta ou sessenta. 
- Chegue aqui e dê-me o seu nome. Deixem passar, vá, quero registar o nome dele. 
Algumas destas palavras devem ter chegado aos ouvidos de Wilson, que continuava a balouçar-se à porta do escritório, pois subitamente um novo tema encontrou expressão entre os seus gritos de angústia: 
- Não preciso que me digam que espécie de carro era! Eu sei bem qual era! 
Ao observar Tom, vi que a massa muscular da espádua se lhe contraía dento do casaco. Encaminhou-se rapidamente para Wilson e, de frente para ele, agarrou-o firmemente pelos braços. 
- Você tem de recobrar o ânimo! - acalmou-o ele com rudeza. 
Wilson olhou para Tom; ergueu-se bruscamente nas pontas dos pés e se Tom não o segurasse teria caído de joelhos. 
- Escute uma coisa! - disse Tom, sacudindo-o ligeiramente. - Cheguei aqui há um minuto, vindo de Nova Iorque. Para lhe trazer o coupé, de que falámos. Aquele carro amarelo que você me viu a conduzir esta tarde não era meu, está a ouvir? Não o vi toda a tarde! 
Só o negro e eu estávamos suficientemente perto para ouvir o que ele disse, mas o polícia percebeu alguma coisa no tom da voz de Tom e olhou-o com truculência. 
- Que história é essa? - perguntou. 
Tom voltou a cabeça para responder, mas continuou a segurar Wilson com firmeza: 
- Sou amigo dele. Ele diz que conhece o carro que a matou... Era um carro amarelo. 
Um obscuro impulso levou o polícia a olhar, desconfiado, para Tom: 
- E de que cor é o seu carro? 
- Azul, um coupé. 
- Viemos directamente de Nova Iorque - disse eu. 
Alguém que viera a conduzir atrás de nós confirmou-o, e o polícia virou costas. 
- Então vamos lá ver se escrevo esse nome como deve ser... 
Levantando Wilson como um boneco, Tom levou-o para o escritório, sentou-o numa cadeira e voltou cá para fora.