- Ela devia realmente separar-se dele - recomeçou Catherine para mim. - Há já onze anos que eles vivem por cima daquela garagem, e o Tom é o primeiro amor da vida dela.
A garrafa de uísque - a segunda - era agora alvo de constante procura por parte de todos os presentes excepto de Catherine, que, dizia ela, se sentia tão bem como os outros sem tomar nada. Tom tocou a sineta para chamar o porteiro e mandou-o ir buscar umas célebres sanduíches que eram só por si um jantar completo. Eu queria sair e andar a pé para leste, em direcção ao parque, pelo suave crepúsculo, mas de cada vez que tentei fazê-lo, vi-me enredado em qualquer discussão insensata e estridente, que me empurrava de novo, como se amarrado por cordas, para a cadeira. E, no entanto, a nossa enfiada de janelas doiradas, bem acima da cidade, devia estar a contribuir com a sua quota-parte de mistério humano para o transeunte que por acaso as observasse da rua ao cair da noite, e eu já o via a olhar para cima e a espantar-se. Eu estava dentro e fora, simultaneamente encantado e repelido pela inesgotável variedade da vida.
Myrtle puxou a respectiva cadeira para junto da minha e de repente o seu hálito quente derramou sobre mim a história do seu primeiro encontro com Tom.
- Foi naqueles dois pequenos assentos, em frente um do outro, que são sempre os últimos a vagar no comboio. Vinha eu a Nova Iorque para ver a minha irmã e passar a noite com ela.