Jantava habitualmente no Yale Club - por qualquer razão, o acontecimento mais lúgubre do dia - e depois subia até à biblioteca, onde estudava investimentos e operações de crédito, conscienciosamente, durante uma hora. Havia, geralmente, por ali uns desordeiros, mas esses não tinham entrada na biblioteca, de modo que se trabalhava bem ali. Depois disso, se a noite estava agradável, descia a pé, calmamente, a Madison Avenue, passando o velho Murray Hill Hotel, e voltava a subir a 33rd Street, em direcção à Pennsylvania Station.
Comecei a gostar de Nova Iorque, da sua atmosfera nocturna, picante e arriscada, e da satisfação que dá ao olhar irrequieto a constante movimentação de homens, mulheres e automóveis. Gostava de subir a Fifth Avenue e escolher, de entre a multidão, as mulheres românticas e de poder imaginar que, no espaço de poucos minutos, entraria nas suas vidas sem que ninguém viesse nunca a sabê-lo nem a censurar-me por isso. Seguia-as, por vezes, em pensamento, até aos seus apartamentos, nas esquinas de ruas escondidas, e elas viravam-se para trás e sorriam-me, antes de desaparecerem, por uma porta, na quente escuridão interior. Outras vezes, no encanto do crepúsculo metropolitano, sentia-me perseguido pela solidão e pressentia que o mesmo se passava com os outros - pobres