O Grande Gatsby - Cap. 4: Capítulo IV Pág. 77 / 173

Só depois disso é que eu associei este Gatsby ao oficial que estava com ela dentro do carro branco.

Quando Jordan Baker acabou de me contar tudo isto, já nós tínhamos deixado o Plaza havia meia hora e andávamos a passear numa «vitória» pelo Central Park. O Sol tinha desaparecido por detrás dos elevados prédios de apartamentos das estrelas de cinema, dos West Fifties, e as vozes das crianças, já reunidas na relva como grilos, elevavam-se no quente crepúsculo:


Sou o xeque da Arábia.
O teu amor pertence-me.
De noite, quando estiveres a dormir,
na tua tenda entrarei furtivamente...

- Foi uma coincidência estranha - disse eu.

- Mas não foi coincidência nenhuma!

- Então, porquê?

- O Gatsby comprou aquela casa, justamente para ficar perto da Daisy, do outro lado da baía.

Não tinha sido, pois, somente às estrelas que naquela noite de Junho ele aspirara. Subitamente, tornou-se-me vivo e real, liberto do ventre do seu esplendor sem sentido.

- O que ele quer saber - prosseguiu Jordan - é se você está disposto a convidar a Daisy para ir a sua casa uma tarde destas e a deixá-lo aparecer também.

A modéstia do pedido abalou-me.

Tinha esperado cinco anos para comprar uma mansão onde dispensava a luz das estrelas a borboletas ocasionais - só para poder «aparecer», uma tarde qualquer, no jardim de um estranho!

- E eu era obrigado a saber isto tudo, para ele se permitir pedir tão pouco?

- Ele esperou tanto tempo, que tem medo. Pensou que você podia ofender-se. Sabe, é que debaixo disto tudo, ele é uma pessoa de princípios muito rígidos.

Havia qualquer coisa que eu não conseguia encaixar.

- Mas porque é que ele não lhe pediu a si que lhe proporcionasse o encontro?

- Porque ele quer que ela veja a casa dele - explicou.





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