As Máscaras do Destino - Cap. 2: O AVIADOR Pág. 7 / 80

.. abre-lhe as pálpebras descidas, no ar recolhido de quem abre duas violetas...

Em volta fremem mais fundo as ondas dos seios; as mãos abrem os dedos como faúlhas de estrelas; uma lânguida sereia, divinamente branca, eleva o veludo branco dos braços como duas ânforas cheias.

- Que tem dentro? - pergunta Melusina.

- Estrelas? - diz uma filha de rei.

- Não; duas gotas de água verdes, límpidas, translúcidas, serenas. Venham ver...

Num turbilhão, entrelaçando as rendas subtis dos mantos roçagantes, confundindo os raios de sol nascente das cabeleiras fulvas, debruçam-se todas, e, no fundo, no seio translúcido das duas gotas de água, veem redopiar as palhetas de oiro das cabeleiras de oiro, veem fulgir os raios luarentos dos diademas, e todas as gotas de água dos seus olhos vogam no fundo, como estrelinhas, tão límpidas, claras, serenas elas são.

Olham-se extáticas todas as deusas das águas; faz-se mais brando o ciciar das vozes; os gestos são finos como hálitos; os mantos verdes empalidecem, são cor das pupilas agora.

Uma segreda:

- Vamos deitá-lo lá no fundo, naquele leito de opalas irisadas que o mar do Oriente nos mandou...

Diz outra:

- Vamos pô-lo naquela urna cie cristal que é como um túmulo aberto donde se avista o céu,..

- Vamos envolvê-lo na mortalha daquele farrapo de luar de Agosto que as ondas nos trouxeram da planície... - murmura outra.

E há vozes, escorrendo como um óleo divino, que ciciam:

- Vamos espalhar sobre ele, como pétalas de oiro, os nossos cabelos loiros...

-Vamos selar-lhe a boca com o coral cor-de-rosa cias nossas bocas em flor...

- Dêmos-lhe, para ele descansar a cabeça, as brandas vagas dos nossos seios nus...

- Para o deitar, eu sei de um sítio onde desabrocham, entre .





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