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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 101

No hotel, a atmosfera horrível de desconfiança e hostilidade se agravara agora que a luta terminara, Diante das acusações que eram levantadas, tornara-se impossível ficar neutro, O correio funcionava de novo, os jornais comunistas estrangeiros começavam a chegar, e suas narrativas sobre a luta mostravam-se não apenas violentamente partidárias como também, e é claro, de todo incorretas quanto aos fatos, Acredito que alguns dos comunistas do lugar, que viram o que realmente acontecera, ficaram espantados pelas interpretações dadas aos acontecimentos, mas era natural que se ativessem a seu próprio lado. Nosso amigo comunista abordou-me mais uma vez e perguntou se queria transferir-me para a Coluna Internacional. Fiquei bastante surpreendido.

- Os seus jornais estão dizendo que sou um fascista! - retorqui. - Certamente seria suspeito, vindo do P.O.U.M.

- Ora, isso não tem importância. Afinal de contas, você estava agindo sob ordens.

Foi preciso dizer-lhe que depois daquele caso eu não poderia ingressar em qualquer unidade controlada pelos comunistas, pois mais cedo ou mais tarde isso poderia representar o meu uso contra a classe trabalhadora espanhola. Não se podia prever quando tal tipo de acontecimento eclodiria outra vez, e se tivesse de usar meu fuzil, numa questão idêntica, preferiria usá-lo ao lado da classe trabalhadora e não contra ela. O homem foi muito digno, mas a partir dali toda a atmosfera se transformava. Não se podia mais, como antes, "concordar em discordar" e beber junto com um homem que se acreditasse adversário político. Houve algumas disputas das mais feias no salão do hotel. Enquanto isso as prisões já estavam repletas e transbordando. Depois de a luta terminar os anarquistas, naturalmente, libertaram seus prisioneiros, mas os Guardas Civis não fizeram o mesmo e a maioria foi atirada à prisão e mantida ali sem julgamento, por meses a fio em muitos casos. Como de costume, gente inteiramente inocente era presa, devido a erros flagrantes por parte da polícia. Fiz referência antes ao fato de que Douglas Thompson fora ferido no início de abril. Depois disso perdemos contato com ele, como sempre acontecia quando um homem era ferido, pois era frequente que criaturas nessas condições fossem transferidas deste para aquele hospital. Ele, na verdade, encontrava-se no hospital de Tarragona, e foi mandado de volta a Barcelona mais ou menos quando a luta irrompera.

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Capa do livro Homenagem à Catalunha
Páginas: 193
Página atual: 101

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 12
Capítulo 3 19
Capítulo 4 32
Capítulo 5 39
Capítulo 6 51
Capítulo 7 64
Capítulo 8 70
Capítulo 9 81
Capítulo 10 105
Capítulo 11 130
Capítulo 12 142
Capítulo 13 157
Capítulo 14 173