Homenagem à Catalunha - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 125 / 193

Em seguida à prisão de grande número dos principais trotskistas em Barcelona e outras partes da Espanha... tornaram-se conhecidos, no último fim de semana, os detalhes de uma das mais repelentes peças de espionagem já trazidas a público em tempo de guerra, e as mais horríveis revelações sobre a traição trotskista surgidas até hoje... Documentos em poder da polícia, juntamente com a plena confissão de mais de 200 pessoas presas, vieram provar, etc. etc.

O que tais revelações "provavam" era que os dirigentes do P.O.U.M. transmitiam segredos militares ao General Franco por meio do rádio, estavam em contato com Berlim e agiam em colaboração com a organização fascista secreta em Madriddd. Apresentavam-se, além disso, detalhes sensacionais a respeito de mensagens secretas escritas com tinta invisível, um documento misterioso e assinado com a letra "N" (de Nin), e assim por diante.

O resultado final, no entanto, era o seguinte: já transcorreram seis meses desde tais "revelações", e até ao momento em que escrevo estas linhas a maioria dos dirigentes do P.O.U.M. continua presa, mas não foi levada a julgamento, e as acusações de que eles se comunicavam com Franco pelo rádio, etc., jamais foram formuladas. Se realmente fizessem espionagem, seriam julgados e fuzilados numa semana, como acontecera a tantos espiões fascistas anteriormente. Mas não surgiu um único farrapo de prova, exceto as afirmações sem apoio, apresentadas pela imprensa comunista. Quanto às duzentas "plenas confissões" que, se existissem, seriam mais do que suficientes para condenar qualquer um, nunca mais se ouviu falar nelas. Constituíam, na verdade, duzentos esforços de imaginação de alguém.

E mais: a maioria dos membros do Governo espanhol negou acreditar nas acusações levantadas contra o P.O.U.M. Faz pouco tempo que o gabinete resolveu, por cinco votos contra dois, libertar os prisioneiros políticos antifascistas, e os dois votos contrários à medida foram dados pelos ministros comunistas. Em agosto uma delegação internacional chefiada por James Maxton M. P. foi à Espanha investigar as acusações ao P.O.U.M. e o desaparecimento de Andrés Nin. Prieto, o Ministro da Defesa Nacional, Irujo, o Ministro da Justiça, Zugazagoitia, Ministro do Interior, Ortega y Gasset, o Procurador-Geral, Prat Garcia, e outros, repudiaram unanimemente a crença de que os dirigentes do P.O.U.M. fossem culpados de espionagem. Irujo acrescentou que examinara todos os documentos, que nenhuma das chamadas provas aguentava exame, e que o documento do qual se afirmara estar assinado por Nin era "sem valor", isto é, uma falsificação.





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