Homenagem à Catalunha - Cap. 11: Capítulo 11 Pág. 132 / 193

Na Espanha não existe - pelo menos na prática - a instituição do habeas-corpus, e pode-se mofar na prisão meses seguidos sem ao menos saber qual a acusação, e muito menos ser julgado. Finalmente ficamos a saber, por intermédio de um prisioneiro libertado, que Smillie fora preso por "carregar armas". As "armas", como eu sabia, eram duas granadas de mão, do tipo primitivo utilizado no início da guerra, e que ele levava para a Inglaterra a fim de mostrá-la em suas palestras e conferências, juntamente com os fragmentos de granadas e outras lembranças. As cargas explosivas e as espoletas foram retiradas dos petardos, que eram apenas cilindros de aço inteiramente inofensivos. Tornava-se óbvio que isso constituía apenas um pretexto, e que ele fora preso devido à sua conhecida ligação com o P.O.U.M. As lutas em Barcelona chegavam a seu fim, e naquele momento as autoridades mostravam-se extremamente aflitas por não deixar que ninguém saísse da Espanha, caso estivesse em condições de contradizer a versão oficial dada às mesmas. Como resultado, qualquer um podia ser preso na fronteira por motivos mais ou menos frívolos. É bem possível que a intenção, inicialmente, fosse apenas deter Smillie por uns dias, mas o problema é que na Espanha, depois de estar-se preso, em geral fica-se preso, com ou sem julgamento.

Ainda estávamos em Huesca, mas mandaram-nos mais para a direita, em frente ao reduto fascista que capturamos temporariamente algumas semanas antes. Eu agia agora como tenente - o que corresponde a segundo-tenente no Exército inglês - e estava no comando de uns trinta homens, ingleses e espanhóis. Indicaram meu nome para uma comissão regular, e não se sabia se haveria aprovação. Anteriormente os oficiais milicianos negaram-se a receber comissões regulares, o que representava mais dinheiro e entrava em choque com as ideias igualitárias da milícia, mas eram agora obrigados a aceitar. Benjamin já tivera o nome publicado oficialmente como capitão, e Kopp estava a caminho de tornar-se major. O Governo, naturalmente, não podia dispensar os oficiais da milícia, mas não confirmava qualquer um deles em patente superior à de major, sendo de presumir que o fazia para reservar os comandos superiores para oficiais do Exército regular e os novos oficiais da Escola de Guerra. Como resultado, em nossa divisão (a Vigésima-Nona) e com certeza em muitas outras, tinha a situação curiosa na qual o comandante-de-divisão, os de brigadas e os de batalhão eram, todos eles, majores.





Os capítulos deste livro