No que diga respeito ao povo, as viradas extraordinárias de opinião a que estamos assistindo em nossos dias, as emoções que podem ser postas a correr, ou fechadas, como uma torneira, constituem o resultado da hipnose praticada por jornais e rádio. Nesses círculos instruídos eu diria que elas resultam mais do dinheiro e da simples segurança física. Em dado momento elas podem ser "a favor da guerra", ou "contra a guerra", mas em qualquer dos casos não possuem um quadro realista da guerra, em seus espíritos. Quando se entusiasmaram pela guerra civil espanhola sabiam, naturalmente, que havia gente morrendo e que morrer é desagradável, mas achavam que para um soldado no exercito republicano espanhol a experiência da guerra, de certo modo, não era degradante. Havia ocasiões, e de supor, em que as latrinas fediam menos, a disciplina mostrava-se menos irritante. Basta olhar o New Statesman para ver que elas acreditavam nisso, pois as baboseiras de teor idêntico estão agora mesmo sendo redigidas a respeito do Exercito Vermelho. Tornamo-nos civilizados demais para compreender o que e óbvio, pois a verdade não pode ser mais simples. Para sobreviver, muitas vezes e preciso lutar, e para lutar temos de emporcalhar-nos antes. A guerra é um mal, e com frequência constitui o mal menor. Os que tomam a espada morrem por ela, e os que não o fazem morrem de doenças fedorentas. O fato de que tal trivialidade mereça registro demonstra o que os anos de capitalismo rentier nos fizeram.