A verdade sobre atrocidades, no entanto, mostra-se desgraçadamente muito pior do que quando ocorre ao mentir-se a seu respeito, e ao serem transformadas em propaganda. A verdade é que elas ocorrem. O fato muitas vezes aduzido como razão para ceticismo - o de que as mesmas histórias de horror aparecem em guerra após guerra - simplesmente torna mais provável que elas sejam verdadeiras. É evidente que constituam fantasias generalizadas, e a guerra proporciona a oportunidade para serem postas em prática. Do mesmo modo, embora tenha deixado de estar na moda o dizer isso, resta pouca dúvida de que os que podemos a grosso modo chamar de "brancos" cometam atrocidades muito maiores e piores do que os "vermelhos". Não resta a menor dúvida, por exemplo, sobre o comportamento dos japoneses na China. Tampouco resta grande dúvida a respeito da longa lista de afrontas fascistas nos últimos dez anos, no continente europeu. O volume de testemunhos prestados mostra-se enorme, e respeitável proporção dos mesmos vem da imprensa e rádio alemães. Essas coisas realmente acontecem, e é o que precisamos fixar de modo bem claro. Aconteceram até mesmo quando Lord Halifax disse que eram verdade. A violação de mulheres e carnificina nas cidades chinesas, as torturas nos porões da Gestapo, os idosos professores judeus atirados em sentinas, o metralhamento de refugiados nas estradas espanholas - tudo isso ocorreu, e não ocorreu com menor intensidade apenas porque o Daily Telegraph tenha, repentinamente, descoberto isso, com cinco anos de atraso.