Colocaram guardas armados em quase todas as janelas do Hotel Falcón, e lá em baixo, na rua, um grupo pequeno de Guardas de Assalto detinha e interrogava os poucos transeuntes. Passou um carro anarquista de patrulha, lotado de gente armada, e ao lado do motorista ia uma bela moça de seus dezoito anos, cabelos negros, acariciando uma submetralhadora ao colo. Passei bastante tempo a andar pelas instalações do edifício, um conjunto bem grande cuja geografia era impossível aprender. Encontrei tudo naquele estado comum de sujeira e lixo, móveis quebrados e papel rasgado, que pareciam os produtos inevitáveis da revolução. Por todas as peças havia gente dormindo, e num sofá quebrado, que achei no corredor, duas mulheres pobres da região do cais roncavam tranquilamente. O lugar fora um cabaré-teatro antes de ser tomado pelo P.O.U.M., e havia palcos erguidos em diversas peças. Sobre um deles havia um piano de cauda abandonado. Descobri finalmente o que buscava – o arsenal. Não sabia como aquilo tudo ia terminar, e queria muito estar armado. Já ouvira dizer tantas vezes que todos os partidos rivais, P.S.U.C., P.O.U.M. e C.N.T. - F. A. I., tinham armas escondidas em Barcelona, que não podia crer na existência de apenas cinquenta ou sessenta fuzis em dois dos principais edifícios do P.O.U.M. O quarto que servia de arsenal estava sem guarda, e sua porta era frágil. Um outro inglês e eu não encontramos qualquer dificuldade em abri-la