A luz sombria caiu mais vagamente sobre a página, onde outra equação começava a resolver-se e abria a sua cauda cada vez mais larga. Era a sua própria alma que partia à experiência, que se desdobrava, pecado a pecado, espalhando a fogueira das suas estrelas ardentes e dobrando-se sobre si própria, extinguindo-se lentamente, apagando as suas luzes e os seus fogos. Agora estavam apagados: e as frias trevas enchiam o caos.
Reinava na sua alma uma gélida e lúcida indiferença. Ao seu primeiro e violento pecado, tinha sentido sair de si mesmo uma onda de vitalidade e receara encontrar o seu corpo ou a sua alma mutilados pelo excesso. Em vez disso, a onda vital tinha-o transportado no seu seio para fora de si próprio e trouxera-o de volta, ao recuar; e parte alguma do seu corpo ou da sua alma havia sido mutilada, tinha-se antes estabelecido entre ambos uma paz obscura. O caos em que o seu ardor se extinguira era um conhecimento frio e indiferente de si mesmo. Tinha cometido. um pecado mortal, não uma mas muitas vezes, e sabia que, embora corresse o perigo da condenação eterna logo pelo primeiro, a cada pecado subsequente multiplicava a sua culpa e o seu castigo.