Retrato do Artista Quando Jovem - Cap. 5: V Pág. 273 / 273

Então, nesse caso, tudo o resto, tudo aquilo que eu pensei que pensava e tudo aquilo que senti que sentia, tudo o resto antes de hoje, na verdade... Oh, deixa-te disso, meu velho! O melhor que fazes é dormir sobre o assunto!

16 de Abril Para longe! Para longe!

O feitiço dos braços e das vozes: os braços brancos das estradas, a sua promessa de abraços, e os braços negros dos navios altos que se recortam contra a lua, as suas histórias de nações distantes. Estendem-se, dizendo: Estamos sós - vem. E as vozes dizem com eles: Somos tuas parentes. E o ar fica espesso da sua companhia, quando elas me chamam, a mim, seu parente, preparando-me para partir, agitando as asas da sua exultante e terrível juventude.

26 de Abril. A mãe está a pôr em ordem as minhas roupas novas em segunda mão. Agora, só pede a Deus, diz ela, que eu aprenda, através da minha vida e longe da minha casa e dos meus amigos, o que é o coração e o que ele sente. Ámen. Assim seja. Sê bem-vinda, ó vida! Vou, pela milionésima vez, ao encontro da realidade da experiência, para moldar na forja da minha alma a consciência incriada da minha raça.

27 de Abril. Velho pai, velho artífice, ampara-me e ajuda-me, agora e sempre, a manter o rumo certo.

Dublim,1904 Trieste, 1914

FIM





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