Retrato do Artista Quando Jovem - Cap. 1: I Pág. 12 / 273

Período, férias; túnel, saída; ruído, paragem. Estava ainda tão longe! Mais valia ir para a cama e dormir. Só faltavam as orações na capela e, depois, cama. Estremeceu e bocejou, Seria maravilhoso estar na cama, depois dos lençóis terem aquecido um pouco. A princípio, estavam tão frios, quando se metia na cama. Estremeceu ao pensar como eram frios, ao princípio. Mas depois aqueciam e ele conseguia dormir. Era agradável sentir-se cansado. Bocejou novamente. As orações da noite e depois cama; estremeceu e sentiu vontade de bocejar de novo. Tudo seria agradável, dentro de poucos minutos. Sentia uma onda de calor a subir dos lençóis frios e trémulos, cada vez mais quente, até ficar todo aquecido, cada vez mais quentinho, embora tiritasse um pouco e sentisse vontade de bocejar.

Soou a sineta para as orações da noite e ele saiu da sala de estudo, na forma, atrás dos outros, descendo as escadas e caminhando pelos corredores até à capela. Os corredores estavam mal iluminados e a capela também. Em breve, estaria no escuro e a dormir. O ar frio nocturno entrara na capela e os mármores tinham a cor que o mar tinha de noite. O mar estava frio de dia e de noite; mas era mais frio de noite. Era frio e escuro, por baixo do molhe, junto da "asa do pai. Mas a chaleira estaria ao lume, para fazer o ponche.

O prefeito da capela rezava por cima da sua cabeça e ele conhecia os responsos de cor:

Abri os nossos lábios, ó Senhor,
E as nossas bocas celebrarão a Vossa glória.
Vinde em nosso socorro, ó Deus!
Apressai-Vos a ajudar-nos, ó Senhor!

Havia um cheiro a noite fria, dentro da capela. Mas era um odor santo. Não era como o cheiro dos camponeses velhos que se ajoelhavam ao fundo da capela, na missa do domingo.





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