- Mete-te com alguém do teu tamanho. Experimenta aplicar uma cintura ao Cecil Thunder, isso é que eu gostava de ver. Levavas um bom pontapé no traseiro.
Não era uma expressão bonita. A mãe tinha-lhe dito que não falasse com rapazes malcriados no colégio. Querida mãe! No primeiro dia, no vestíbulo do castelo, ao despedir-se dele, tinha erguido o véu até ao nariz, para o beijar: e tinha o nariz e os olhos vermelhos. Mas ele tinha fingido não perceber que ela estava prestes a chorar. E o pai tinha-lhe dado duas moedas de cinco xelins para as suas despesas pessoais. E o pai tinha-lhe dito que, se precisasse de alguma coisa, lhe escrevesse e que nunca, em circunstância alguma, denunciasse um colega. Depois, à porta do castelo, o reitor tinha apertado a mão ao pai e à mãe, com a sotaina a esvoaçar à brisa, e a caleche tinha partido, levando os pais. Tinham gritado da caleche, acenando com as mãos:
- Adeus, Stephen, adeus!
- Adeus, Stephen, adeus!
Viu-se apanhado no turbilhão duma formação de jogadores e, receando os seus olhos brilhantes e as suas botas enlameadas, inclinou-se para espreitar por entre as pernas. Os rapazes lutavam e gemiam e esfregavam as pernas umas nas outras, davam caneladas e pisadelas. Depois, as botas amarelas de Jack Lawton empurraram a bola para fora e as outras botas e pernas seguiram atrás dela. Ele correu um pouco atrás deles e depois deteve-se. Era inútil continuar. Faltava pouco para regressarem a casa, para passarem as férias. Depois do jantar, na sala de estudo, alteraria o número colado no interior da sua carteira de setenta e sete para setenta e seis.
Por certo se estaria melhor na sala de estudo do que ali, ao frio.
O céu apresentava-se pálido e frio, mas havia luzes no castelo.