Orgulho e Preconceito - Cap. 24: Capítulo XXIV Pág. 148 / 414

Pois, se eu estivesse persuadida de que Charlotte o respeita, realmente ela desceria no conceito que eu tenho da sua inteligência, o mesmo que perdeu antes no valor que eu atribuía ao seu coração. Minha querida Jane, Mr. Collins é um homem tolo, pomposo, pretensioso e de ideias estreitas. Você sabe que ele é tudo isto tão bem quanto eu. E você deve sentir como eu que uma mulher que se casar com ele não pode ter uma visão muito justa das coisas. Você não há de querer defendê-la só porque ela é Charlotte Lucas. Você não pode, por causa de um caso individual, mudar o sentido das palavras "bom senso" e "integridade", nem procurar persuadir a si mesma ou a mim que o egoísmo é a prudência e a insensibilidade diante do perigo, certeza de felicidade.

- Acho que as suas expressões são muito fortes, e espero que você se convença disso, vendo-os casados e felizes. Quanto a isto, basta. Mas você aludiu a outra coisa. Você mencionou dois exemplos. Sei o que está pensando. Mas lhe peço, querida Lizzy, que não me cause mágoa julgando que aquela pessoa é culpada. Nem dizendo que ela perdeu no seu conceito. Não devemos ser precipitadas e julgar que fomos intencionalmente feridas. Não podemos exigir que um rapaz despreocupado seja sempre prudente e circunspecto. Muitas vezes é apenas a nossa vaidade que nos engana. As mulheres superestimam facilmente a admiração dos homens.

- E os homens fazem tudo para mantê-las nessa ilusão.

- Se o fazem propositadamente, não pode haver justificativa. Mas creio que não há tanta má vontade no mundo quanto as pessoas acreditam.

- Estou longe de atribuir qualquer aspecto da conduta de Mr. Bingley a uma intenção perversa - disse Elizabeth; - mas, mesmo sem o propósito deliberado de errar, ou de tornar os outros infelizes, pode haver enganos e tristezas.





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