Na manhã seguinte, ao despertar, Elizabeth encontrou no espírito os mesmos problemas que debatera na véspera até adormecer. Ainda não voltara a si da surpresa. Era impossível pensar em outro assunto; incapaz de encontrar uma ocupação que a distraísse, resolveu, logo depois da primeira refeição, fazer um pouco de exercício ao ar livre. Estava se encaminhando para o seu lugar favorito, quando a lembrança de que Mr. Darcy costumava aparecer lá a deteve. E, em vez de entrar no parque, tomou a vereda que a bordejava. A cerca do parque limitava a estrada de um lado e pouco depois ela passou por um dos portões. Depois de andar duas ou três vezes naquela parte do caminho, sentiu-se tentada pela beleza da manhã a parar nos portões e contemplar o parque. Durante as cinco semanas que tinha passado no Kent, uma grande transformação se operara, e cada dia as árvores ficavam mais verdes. Elizabeth estava a ponto de continuar o passeio, quando avistou de relance, no pequeno bosque que bordejava o parque, um homem que vinha na sua direção. Temerosa de que fosse Mr. Darcy, recuou. Mas a pessoa se encontrava agora tão próxima que podia vê-la. Apressando o passo, esta pessoa se aproximou e pronunciou o nome de Elizabeth. Ela estava de costas, mas ao ouvir o seu nome, embora reconhecesse a voz de Mr. Darcy, voltou a se acercar do portão. Mr. Darcy, do outro lado, fizera o mesmo. Estendeu-lhe uma carta, que ela aceitou instintivamente. Em seguida disse, com um olhar altivo:
- Estive passeando no bosque na esperança de encontrá-la. Quer me dar a honra de ler esta carta?
Em seguida, depois de inclinar-se levemente, voltou-se e partiu.
Sem esperança de prazer mas com a maior curiosidade, Elizabeth abriu a carta; com espanto sempre crescente viu que o envelope continha duas folhas de papel, inteiramente recobertas por uma letra apertada.