Orgulho e Preconceito - Cap. 57: Capítulo LVII Pág. 388 / 414

Não posso, entretanto, esquecer os deveres do meu estado, nem deixar de manifestar o espanto que senti, ao ouvir dizer que o senhor recebeu o jovem casal na sua casa logo após o matrimônio. Considero isto um encorajamento ao vício, e se fosse o reitor de Longbourn ter-me-ia oposto a isto terminantemente. É certo que como cristãos os devia ter perdoado, porém jamais devia admiti-los em sua presença nem permitir que os seus nomes lhe fossem mencionados".

- Esta é a noção que ele tem do perdão cristão das ofensas. O resto da carta trata apenas da situação da sua querida Charlotte e das esperanças que ele tem de um herdeiro. Mas, Lizzy, você parece que não está gostando. Espero que não leve a sério e nem vá ficar ofendida por causa deste boato tolo. Não vejo por que não possamos rir, do nosso lado, com o ridículo dos nossos vizinhos...

- Oh - exclamou Elizabeth -, estou achando muita graça. Mas tudo isto é tão estranho!

- Sim, mas aí é que está a graça. Se eles tivessem escolhido outro homem qualquer, não haveria nada de estranho. Mas a perfeita indiferença de Mr. Darcy e a sua manifesta antipatia tornam essa suposição tão absurda! Abomino escrever, mas por coisa alguma deste mundo desistiria da minha correspondência com Mr. Collins! Quando me chega uma carta dele, não posso deixar até de preferi-lo a Wickham. E prezo imensamente a impudência e a hipocrisia do meu genro... Conte-me, Lizzy, que disse Lady Catherine acerca deste boato? Ela veio vê-la para recusar o seu consentimento?

A esta pergunta, sua filha respondeu apenas com uma risada. E, como ele de nada suspeitasse, Elizabeth não ficou embaraçada, mesmo quando ele repetiu a pergunta. Jamais sentira tamanha dificuldade em esconder os seus sentimentos.





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