Continuaram a caminhar sem uma direção precisa. Seus pensamentos os absorviam, e além disso tinham muito a sentir e a dizer. Elizabeth ficou sabendo que deviam o seu atual entendimento aos esforços da tia de Darcy. Lady Catherine, com efeito, de passagem em Londres, fora visitar o sobrinho e lhe relatara a sua viagem a Longbourn, suas causas e a conversa que tivera com Elizabeth, repetindo enfaticamente cada uma das expressões desta última, expressões que aos olhos de Lady Catherine denotavam a perversidade e o cinismo da moça, com o intuito de desacreditá-la perante o seu sobrinho. Infelizmente para Sua Senhoria, o efeito tinha sido exatamente o oposto.
- Eu, que não tinha mais esperanças, voltei a tê-las - acrescentou Darcy. - Conhecendo seu carácter, sabia que, se estivesse absoluta e irrevogavelmente decidida a me recusar, tê-lo-ia dito a Lady Catherine com toda a franqueza.
Elizabeth enrubesceu e sorriu.
- Sim, conhecia suficientemente a minha franqueza para saber que, se eu tinha sido capaz de tratá-lo de maneira tão abominável pessoalmente, não hesitaria em fazê-lo perante toda a sua família.
- Não acho que me tenha tratado mal. Não disse nada que eu não merecesse. Embora suas acusações repousassem sobre premissas falsas, minha atitude naquele tempo merecia as mais severas censuras. Era imperdoável. Não posso lembrar dela sem horror.
- Não discutiremos a quem cabe a maior culpa na desavença daquela noite - disse Elizabeth. - A conduta de nenhuma das partes foi irrepreensível. Mas desde então creio que progredimos em cortesia. Pelo menos espero.
- Não me posso reconciliar tão facilmente comigo mesmo. A recordação de tudo o que eu disse, da minha conduta, das minhas maneiras e expressões tem sido durante muitos meses e continua a ser indizivelmente dolorosa.