Orgulho e Preconceito - Cap. 58: Capítulo LVIII Pág. 393 / 414

Nunca me esqueci da sua admoestação, que considero tão justa: "Se tivesse agido de forma mais cavalheiresca..." Foram estas as suas palavras. Não sabe, não pode nem de longe imaginar como essas suas palavras me torturaram. Custei a lhes reconhecer a justiça.

- E eu estava muito longe de supor que elas lhe produziriam uma impressão tão forte.

- Acredito. Naquele tempo pensava que eu era destituído de todos os sentimentos humanos. Disso tenho certeza. Nunca me esquecerei da expressão do seu rosto quando me disse que nada a poderia ter persuadido a aceitar a minha mão.

- Oh, não repita o que eu disse. Essas coisas não devem ser lembradas. Juro-lhe que há muito tempo que penso nelas com imensa vergonha.

Darcy mencionou a sua carta.

- Queria saber - perguntou ele - se a carta me justificou aos seus olhos. Acreditou no que eu dizia?

Elizabeth lhe explicou os efeitos que a sua carta tinham produzido e como, aos poucos, a sua má vontade se dissipara.

- Eu sabia - continuou ele - que o que lhe estava a escrever a ia magoar, mas era necessário. Espero que tenha destruído a carta. Não descansarei enquanto não tiver a certeza de que não a pode mais ler, especialmente o começo da carta. Lembro-me de certas expressões que provocariam o seu ódio contra mim.

- A carta será queimada se acredita que isto seja essencial para a preservação da minha estima. Mas, embora tenhamos ambos razões para pensar que as minhas opiniões não são inteiramente inalteráveis, não creio por outro lado que sejam tão facilmente influenciáveis como parece supor.

- Quando escrevi aquela carta - replicou Darcy -, pensava que me encontrava num estado de espírito perfeitamente calmo e frio. Mas depois vi que estava extremamente amargurado e triste.





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