Supliquei-lhe que escutasse pacientemente o relato pormenorizado de toda a minha história, desde a minha última saída de Inglaterra até ao momento em que me encontrou. E como entre pessoas inteligentes a verdade acaba sempre por abrir caminho, este honrado e digno cavalheiro, que tinha um certo verniz cultural e uma boa capacidade de julgamento, acabou por ficar convencido da minha franqueza e sinceridade. Mas, para melhor confirmar quanto lhe narrara, pedi-lhe que desse ordem para lhe levarem a minha secretária, cuja chave guardava no bolso, e que ele me dissera estar muito maltratada. Abri-a na sua presença e mostrei-lhe a pequena colecção de curiosidades que fizera no país de onde tão estranhamente acabara de ser libertado. Ali se encontrava o pente que fora feito com os pêlos da barba de Sua Majestade, e outro do mesmo material mas cujo cabo não passava de um pedaço da unha do polegar de Sua Majestade a rainha. Havia uma colecção de agulhas e alfinetes de um pé a meia jarda de comprimento, quatro ferrões de vespa que pareciam pregos, alguns cabelos caídos da cabeça da rainha ao pentear-se, um anel de ouro que ela um dia me ofereceu da maneira mais delicada, tirando-o do dedo mínimo e passando-o pela minha cabeça como se fosse um colar. Solicitei ao comandante que aceitasse este anel como recompensa pelas suas amabilidades mas aquele de imediato recusou.