Capítulo 4: Capítulo II
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Confirmou que vira o bastão com o lenço a ser agitado através do respiradouro e compreendeu que um infeliz se encontrava encerrado no receptáculo. Perguntei-lhe se ele ou a tripulação tinham visto uma prodigiosa ave nos ares, quando me tinham avistado pela primeira vez. A isso respondeu-me que, tendo comentado o caso com os marinheiros enquanto eu dormia, um deles disse ter avistado três águias que se dirigiam para norte, mas não fez qualquer referência a que fossem maiores do que é vulgar o que atribuo ao facto de voarem a grande altura. De resto, o comandante não conseguia perceber a razão da minha pergunta. Ao inquirir-lhe então a que distância calculava que estaríamos de terra respondeu-me que, segundo os cálculos que fizera, devíamos estar a, pelo menos, cerca de cem léguas. Assegurei-lhe que devia estar equivocado quase em metade desse cálculo uma vez que, quando caí ao mar, não se tinham passado mais de duas horas desde que saíra do país onde estivera. Ele começou de novo a pensar que eu sofria de qualquer perturbação mental e deu-me a entender isso com clareza. Aconselhou-me a ir deitar para um camarote que me mandara preparar. Assegurei-lhe que o bom tratamento e a companhia que me dispensara tinham-me confortado muito e que, como sempre, me encontrava em meu perfeito juízo. O seu semblante tornou-se sério e perguntou-me com franqueza se não estaria perturbado pelo sentimento interior de algum enorme crime por cuja causa, e por ordem de algum príncipe, tivesse sido castigado e posto naquele cofre, tal como noutros países se fazia ao abandonar os criminosos relapsos numa embarcação em pleno mar, sem provisões; se fosse o caso, embora lamentasse ter recolhido no seu barco um homem tão malvado, dava a sua palavra de deixar-me em terra, são e salvo, no primeiro porto em que entrássemos.
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