As Viagens de Gulliver - Cap. 3: Capítulo I Pág. 39 / 339

«Finalmente que, de acordo com o juramento solene de cumprimento de todas as condições anteriores, o Homem-Montanha receba uma dotação diária de leite e carne suficientes para sustentar 1728 dos nossos súbditos, e tenha livre acesso à Real Pessoa e a outras mercês. Feito no nosso palácio de Belfaborac, a 12 do 91.º mês de nosso reinado.»

Jurei e assinei estas condições com alegria e satisfação, embora algumas não fossem tão honrosas como desejaria; tudo devido à malícia de Skyresh Bolgolam, o almirante-em-chefe. A partir daquele momento soltaram-me as cadeias e desfrutei de completa liberdade. O imperador em pessoa concedeu-me a honra da sua presença no decurso da cerimónia. Demonstrei o meu reconhecimento prostrando-me aos pés de Sua Majestade, mas ele ordenou-me que me pusesse de pé e, depois de ter tecido vários e numerosos elogios que não repetirei para não ser acusado de vaidoso, acrescentou que esperava que eu provasse ser um servidor útil e merecedor de todos os favores já concedidos ou que pudesse no futuro conceder.

O leitor terá reparado que, na última destas cláusulas condicionantes da minha liberdade, o imperador estipulava uma dotação de comida e bebida suficientes para sustentar 1728 liliputianos. Um pouco mais tarde, ao perguntar a um amigo da corte como tinham podido fixar a quantidade num dado número concreto, foi-me explicado o seguinte: que os matemáticos de Sua Majestade tinham fixado a altura do meu corpo com a ajuda de um quadrante e tinham chegado à conclusão de que excedia a deles na proporção de doze para um.





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