As Viagens de Gulliver - Cap. 4: Capítulo II Pág. 99 / 339

Agarrou-me suavemente com a mão e pôs-me no chão do jardim. Avancei umas duzentas jardas e, fazendo sinais para que não me seguisse nem me olhasse, escondi-me entre duas folhas de azedas para satisfazer as minhas necessidades biológicas.

Espero que o leitor me perdoe por entrar nestes e noutros pormenores; por insignificantes que pareçam a espíritos indignos e prosaicos, ajudarão sem dúvida a enriquecer a mente e a imaginação de mais do que um pensador, para os usar em benefício geral e privado, o que constitui o meu único propósito ao apresentar ao público os relatos das minhas viagens. A minha preocupação é de neles apresentar sobretudo a verdade, liberta de qualquer artifício de estilo ou de erudição. Mas todas as peripécias desta viagem gravaram-se tão profundamente no meu espírito e permanecem tão vivas na memória que, ao transcrevê-las, não omiti nenhuma circunstância material. Não obstante, depois de uma rigorosa revisão, eliminei diversos passos de menor interesse para evitar ser rotulado de aborrecido e superficial, pecados apontados aos viajantes e, talvez, nem sempre injustamente.





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