Alice no País das Maravilhas - Cap. 5: 5 - Conselhos de uma Lagarta Pág. 33 / 91

“Quando jovem”, Pai William falou para o moço,

“eu temia lesões cerebrais:

como nunca — hoje sei — tive um cérebro, posso

fazer dessas e cada vez mais.”

“Estás velho”, seu filho falou-lhe, “e anormal

é o tamanho da tua barriga:

frente à porta, porém, deste um salto mortal —

que faz com que alguém o consiga?”

“Quando jovem”, o sábio de cãs disse no ato,

“manteve-me lépido e forte

este ungüento — não queres comprá-lo? É barato:

eu vendo a um tostão cada pote.”

“Estás velho e as maxilas que tens”, disse o moço,

“talvez não mastiguem nem banha,

mas devoras um ganso e não poupas nem osso,

nem bico sequer — qual a manha?”

“Quando jovem e justo”, o pai disse, “eu arguia

caso a caso com minha mulher

e o exercício que fiz há de dar-me energia

à mandíbula enquanto eu viver.”

“Estás velho”, falou-lhe o rapaz, “e eu diria

que a tua visão é ruim —

equilibras, porém, no nariz uma enguia:

que torna alguém ágil assim?”

“Respondi três questões tolas: fim da sessão”,

o pai disse-lhe, “abaixa teu facho,

pois não tenho mais tempo e dá o fora, senão

eu chuto-te escadas abaixo.”

“Não recitou certo”, disse a Lagarta.

“Não muito certo, de fato”, disse Alice com timidez, “acho que algumas palavras saíram erradas.”

“Saiu errado do começo ao fim”, disse a Lagarta com firmeza. Depois seguiram-se alguns minutos de silêncio. A Lagarta foi a primeira a falar.

“De que tamanho você quer ficar?” perguntou ela.

“Oh, não faço questão do tamanho”, respondeu Alice prontamente, “mas ninguém gosta de ficar mudando tanto assim, a senhora sabe.”

“Não, eu não sei”, disse a Lagarta.





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