Alice no País das Maravilhas - Cap. 7: 7 - Um Chá de Loucos Pág. 49 / 91

“Eu disse a você que a manteiga não ia adiantar!” acrescentou ele, olhando furioso para a Lebre de Março.

“Mas era a melhor manteiga!” respondeu a Lebre de Março com brandura.

“Sim, mas devem ter caído migalhas de pão”, resmungou o Chapeleiro, “você não devia ter usado a faca de pão na manteiga.”

A Lebre de Março pegou o relógio e olhou-o melancolicamente; então o mergulhou na sua xícara de chá e olhou-o de novo: mas não pôde encontrar nada mais interessante para dizer do que sua primeira observação “era a melhor manteiga, juro.”

Alice estivera olhando tudo por cima do ombro com certa curiosidade. “Que relógio engraçado!” observou. “Ele mostra o dia do mês, mas não mostra as horas!”

“Por que deveria?” murmurou o Chapeleiro. “Por acaso o seu relógio mostra o ano?”

“Claro que não”, respondeu Alice prontamente: “mas é porque se permanece no mesmo ano durante muito tempo.”

“É exatamente o caso do meu”, disse o Chapeleiro.

Alice sentiu-se terrivelmente embaraçada. O comentário do Chapeleiro parecia não fazer o menor sentido, embora era certo que falassem a mesma língua. “Não o compreendo bem”, disse ela da maneira mais polida possível.

“O Dormidongo adormeceu de novo”, disse o Chapeleiro, despejando um pouco de chá quente no nariz dele.

O Dormidongo abanou a cabeça com impaciência e disse, sem abrir os olhos: “claro, claro, é justamente o que eu ia dizer.”

“Você já decifrou a adivinhação?” perguntou o Chapeleiro, voltando-se outra vez para Alice.

“Não, desisto”, respondeu Alice. “Qual é a resposta?”

“Não faço a mínima idéia”, disse o Chapeleiro.

“Nem eu”, disse a Lebre de Março.

Alice suspirou enfadada. “Acho que você deveria aproveitar melhor o tempo”, disse ela, “em vez de gastá-lo com adivinha ções sem resposta.”





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