A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 6: A AVENTURA DO DETECTIVE MORIBUNDO Pág. 125 / 210

No momento seguinte, Holmes cambaleava de novo até à cama, exausto, a arfar depois de tão súbita explosão de energia.

- Não vai tirar-me a chave à força, Watson. Apanhei-o, meu amigo. Ficará aqui enquanto eu quiser. Mas vou fazer-lhe a vontade. - (Tudo isto sincopadamente, numa luta terrível para recobrar o fôlego.) - Bem sei que só quer o meu bem. Claro que sei. Fará como entende, mas dê-me primeiro tempo para recuperar forças. Agora não, Watson, agora não. São quatro horas. Às seis pode ir.

- Mas é uma loucura, Holmes!

- Só duas horas, Watson. Prometo que o deixo ir às seis. Está disposto a esperar?

- Parece que não tenho por onde escolher.

- Pois não, Watson. Obrigado, eu arranjo a roupa. Por favor, mantenha-se à distância. E outra coisa, Watson, outra condição: procurará a ajuda não do homem que mencionou, mas de quem eu quiser.

- Com certeza!

- As primeira palavras inteligentes que lhe ouço desde que entrou aqui, Watson. Tem ali livros. Eu estou cansado... Como se sentirá uma bateria quando abastece de electricidade um não condutor? Às seis, Watson, retomaremos a conversa.

A conversa iria, no entanto, ser retomada muito antes dessa hora e em circunstâncias que me provocaram um choque quase idêntico ao que senti quando ele saltou da cama para fechar a porta à chave.

Estava havia minutos a olhar a figura silenciosa no leito. Tinha o rosto praticamente tapado pelas roupas e parecia dormir. Então, incapaz de ler, pus-me a passear vagarosamente pelo quarto, admirando os retratos de criminosos célebres que decoravam todas as paredes. Por fim, na minha deambulação ao acaso, cheguei junto do fogão. Cachimbos, bolsas de tabaco, seringas, canivetes, balas de revólver e outros objectos juncavam o topo em desordem.





Os capítulos deste livro