Ouvi o estalido do portão do jardim e a majestosa figura do grande explorador africano apareceu no acesso. Sterndale virou-se, algo surpreendido, para o rústico caramanchão onde nos sentávamos.
- Mandou-me chamar, Mr. Holmes. Recebi o seu bilhete há cerca de uma hora e vim, embora não saiba realmente por que deva obedecer às suas convocatórias.
- Talvez possamos esclarecer esse ponto antes de nos despedirmos - disse Holmes. - Para já, fico-lhe muito grato pela amabilidade que teve em vir. Desculpar-me-á esta recepção informal ao ar livre mas o meu amigo Watson e eu quase íamos contribuindo com mais um episódio para aquilo que os jornais chamam o Horror de Cornualha e agora queremos respirar à vontade. E como o assunto que vamos discutir o afectará pessoalmente de uma maneira muito íntima, até convém que não haja ouvidos curiosos.
O explorador tirou o charuto da boca e fitou com intensidade o meu companheiro.
- Não sei - disse - de que possa falar, sir, que me afecte pessoalmente de maneira muito íntima.
- O assassínio de Mortimer Tregennis - respondeu Holmes.
Por momentos desejei estar armado. A expressão agressiva de Sterndale assumiu uma cor vermelho-escuro, os olhos refulgiram e veias como nós, febris, começaram a pulsar-lhe na fronte. Assim o explorador se lançou de punhos cerrados contra o meu companheiro.