A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 8: A AVENTURA DO PÉ DO DIABO Pág. 184 / 210

Existem, contudo, fortes razões em contrário. Felizmente, há um homem em Inglaterra que sabe tudo a este respeito, e diligenciei no sentido de podermos ouvir os factos da sua boca, esta tarde. Ah, chega adiantado. Por aqui, se não se importa, Dr. Sterndale. Estivemos a fazer lá dentro uma experiência química, que deixou o nosso pequeno quarto impróprio para receber tão distinto visitante.

Ouvi o estalido do portão do jardim e a majestosa figura do grande explorador africano apareceu no acesso. Sterndale virou-se, algo surpreendido, para o rústico caramanchão onde nos sentávamos.

- Mandou-me chamar, Mr. Holmes. Recebi o seu bilhete há cerca de uma hora e vim, embora não saiba realmente por que deva obedecer às suas convocatórias.

- Talvez possamos esclarecer esse ponto antes de nos despedirmos - disse Holmes. - Para já, fico-lhe muito grato pela amabilidade que teve em vir. Desculpar-me-á esta recepção informal ao ar livre mas o meu amigo Watson e eu quase íamos contribuindo com mais um episódio para aquilo que os jornais chamam o Horror de Cornualha e agora queremos respirar à vontade. E como o assunto que vamos discutir o afectará pessoalmente de uma maneira muito íntima, até convém que não haja ouvidos curiosos.

O explorador tirou o charuto da boca e fitou com intensidade o meu companheiro.

- Não sei - disse - de que possa falar, sir, que me afecte pessoalmente de maneira muito íntima.

- O assassínio de Mortimer Tregennis - respondeu Holmes.

Por momentos desejei estar armado. A expressão agressiva de Sterndale assumiu uma cor vermelho-escuro, os olhos refulgiram e veias como nós, febris, começaram a pulsar-lhe na fronte. Assim o explorador se lançou de punhos cerrados contra o meu companheiro.





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