A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 9: O ÚLTIMO CASO Pág. 200 / 210

- Entre - disse. - Estou sozinho em casa. Esperava apenas por isto. Claro que uma cópia é preferível ao original. Se dessem por falta do original, modificavam tudo. Acha que ninguém deu por nada?

O americano de ascendência irlandesa entrou no gabinete, sentou-se na poltrona e estendeu as pernas compridas. Era um homem alto e magro de 60 anos, de feições vincadas e uma pequena barbicha que o assemelhava às caricaturas do Tio Sam. Do canto da boca pendia-lhe um charuto mordido e meio fumado. Ao sentar-se, raspou um fósforo e reacendeu-o.

- Em mudanças? - observou, olhando em redor. - Não me diga, mister - acrescentou ao reparar no cofre (o reposteiro estava aberto) -, que guarda os seus papéis naquilo?

- Porquê?

- Senhor! Num caixote daqueles? E consideram-no um espião! Um ladrão ianque entrava ali com um abre-latas! Se eu soubesse que carta minha ia parar àquilo, pensava duas vezes antes de lhe escrever!

- Pois olhe que um assaltante não o abriria tão facilmente como julga! – respondeu Von Bork. – Não há ferramenta que corte aquele metal.

- E a fechadura?

- É de segredo duplo. Sabe o que é?

- Sei lá!

- É preciso uma palavra e um conjunto de algarismos para a abrir. – Levantou-se e mostrou dois discos concêntricos radiados à volta do buraco da fechadura. – O de fora é para as letras e o de dentro para os algarismos.

- Estou a ver, estou a ver…

- Não é tão simples como pensa. Mandei-o fazer há quatro anos. Adivinhe lá que palavra e que algarismos escolhi!

- Não faço ideia.

- Escolhi Agosto e 1914. O mês e o ano em que estamos!

O rosto do americano mostrou surpresa e admiração.

- Inteligência, sim, senhor! Mas que poder de antecipação!

- É… Poucos, na época, poderiam ter previsto a data.





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