A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 2: A AVENTURA DE WISTERIA LODGE Pág. 27 / 210

Assim obtive a chave dos segredos de High Gable.

» Que gente curiosa, Watson! Não tenho a pretensão de compreender tudo neste momento, mas que gente curiosa! A casa tem duas alas; a criadagem vive numa delas, a família na outra. Não há qualquer ligação entre os dois grupos, salvo o criado de Henderson, que serve as refeições à família, O único contacto entre as duas alas é uma porta, por onde ele passa. A preceptora e as crianças quase nunca saem, excepto para o jardim. Henderson nunca por nunca sai sozinho. O seu secretário cor de chocolate é como a sua sombra. Entre a criadagem, diz-se que ele tem um medo terrível de qualquer coisa. «Vendeu a alma ao diabo por dinheiro», diz Warner, «e espera que o credor apareça a todo o momento a reclamá-lo.» De onde vieram ou quem são, ninguém sabe. São muito violentos. Henderson chicoteou pessoas por duas vezes, e só a sua fortuna e uma pesada indemnização lhe permitiram evitar os tribunais.

» Apreciemos agora a situação à luz destes novos dados, Watson. Podemos supor que o bilhete proveio desta estranha casa e era um convite a Garcia para executar determinada acção já planeada. Quem escreveu o bilhete? Alguém no interior da cidadela, uma mulher. Quem, salvo Miss Burnet, a preceptora? Todo o nosso raciocínio parece apontar nesse sentido. Correcta ou não, trabalhemos com a hipótese e vejamos que consequências arrasta. Devo acrescentar que a idade e o carácter de Miss Burnet põem de parte aquela minha primeira ideia de que, no fundo deste caso, havia uma história de amor.

» Se ela escreveu o bilhete, era certamente amiga e cúmplice de Garcia. Que deveria então fazer se soubesse da sua morte? Se Garcia morresse no decorrer de uma acção criminosa, os lábios dela jamais se abririam.





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