O destino não quis, todavia, que a nossa investigação tivesse um fim tão aventuroso. Eram umas cinco horas, começava já a cair o crepúsculo de uma tarde de Março, entrou no nosso quarto um rústico excitado.
- Foram-se embora, Mr. Holmes. Partiram no último comboio. A senhora conseguiu libertar-se e tenho-a lá em baixo num trem.
- Excelente, Warner! - exclamou Holmes, erguendo-se de um salto. -Watson, as lacunas desaparecem rapidamente!
No trem encontrava-se uma mulher prestes a entrar em colapso, tal a sua exaustão nervosa. No seu rosto aquilino e pálido viam-se os traços de uma tragédia recente. Deixava cair a cabeça apática sobre o peito, mas quando a ergueu e fixou em nós os olhos tristes vi que as suas pupilas eram pontos negros no centro de grandes íris cinzentas. Estava drogada com ópio.
- Eu vigiava o portão, conforme me recomendou, Mr. Holmes - disse o nosso emissário, o jardineiro despedido. - Quando o carro saiu, segui-o até à estação. Ela parecia daquela gente que caminha a dormir, mas quando tentaram metê-la no comboio, despertou e resistiu. Empurraram-na para dentro da carruagem; ela enfrentou-os e conseguiu sair. Fui em seu auxílio, meti-a num trem e cá estamos. Nunca mais esquecerei o rosto à janela da carruagem, quando partimos. Eu já não estaria aqui se ele tivesse levado a sua avante... o demónio amarelo e feroz, de olhos pretos.
Levámo-la para cima, estendemo-la num sofá, e duas chávenas de café bem forte não tardaram a libertar-lhe o cérebro das névoas da droga. Baynes fora chamado por Holmes, que rapidamente explicou a situação ao inspector.
- O senhor traz-me a prova que eu pretendia - disse, caloroso, o inspector, apertando a mão do meu amigo: - Desde o princípio que eu seguia a mesma pista.