A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 2: A AVENTURA DE WISTERIA LODGE Pág. 31 / 210

Findo esse tempo, houve uma sublevação geral contra o seu domínio; mas ele era tão astuto quanto cruel e, ao primeiro sinal de perigo iminente, embarcara secretamente os seus tesouros num barco tripulado por alguns dos seus fiéis adeptos. Foi assim um palácio deserto o invadido pelos insurrectos no dia seguinte. O ditador, as duas filhas, o secretário e a fortuna, tudo lhes escapara. Desaparecera então do mundo e o seu paradeiro era objecto frequente de comentários na Imprensa europeia.

- E verdade, sir, Don Muril1o, o Tigre de San Pedro.- disse Baynes. - Se verificar, verá que as cores de San Pedro são o verde e o branco, as mesmas do bilhete, Mr. Holmes. Adoptou o nome de Henderson, mas eu reconstitui o seu percurso desde Paris a Roma, de Madrid a Barcelona, onde o barco em que viajava aportou em 1886. Procuravam-no desde então, para se vingarem, mas só agora o tinham localizado.

- Descobriram-no há um ano - disse Miss Burnet, que se sentara e seguia agora atentamente a conversa. - De novo a sua vida foi alvo de um atentado, mas algum espírito maléfico o protegeu. Agora, tomba o nobre e cavalheiresco Garcia enquanto o monstro escapa mais uma vez. Porém outras oportunidades serão criadas e, um dia, far-se-á justiça, tão certo como o Sol nascer todas as manhãs!

Cerrou as mãos finas, e o seu rosto cansado empalideceu com a paixão do ódio.

- Mas como é que a senhora aparece no meio de tudo isto, Miss Burnet? - perguntou Holmes. - Como pôde uma senhora inglesa envolver-se em tão perigosa empresa?

- Envolvi-me porque não há outra maneira de fazer justiça. Que se importa a lei inglesa com os rios de sangue que há anos correram em San Pedro ou com o barco carregado de tesouros que esse homem roubou? Para o senhor, é como se eu falasse de crimes cometidos noutro planeta.