A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 2: A AVENTURA DE WISTERIA LODGE Pág. 32 / 210

Mas nós sabemos que foram cometidos aqui. Soubemos da verdade com mágoa e sofrimento. Para nós, não há nenhum bandido no inferno como Juan Murillo, nem haverá paz na vida enquanto as suas vítimas clamarem por vingança.

- Bem sei que ele era como diz - respondeu Holmes. - Um homem atroz, pelo que conheço. Mas em que medida foi a senhora vítima dela?

- Vou contar-lhe tudo. A política desse malvado era matar, fosse a que pretexto fosse, quem quer que desse mostras de poder vir a um ser rival perigoso. Meu marido (sim, o meu verdadeiro nome é Signora Victor Durando) era o ministro de San Pedro em Londres, onde me conheceu e desposou. Nunca o mundo conheceu homem mais nobre. Infelizmente, Murillo soube das suas qualidades, fê-lo regressar sob um pretexto qualquer e mandou-o matar. Pressentindo a sorte que o esperava, recusou-se a levar-me com ele. As suas propriedades foram confiscadas e eu vi-me na miséria e com o coração destroçado.

» Aconteceu então a queda do tirano, que escapou como acaba de ser descrito. Mas os muitos cujas vidas ele havia arruinado, cujos familiares mais queridos haviam sofrido torturas e sido mortos às mãos dele, não podiam esquecer. Constituíram-se numa sociedade que apenas será dissolvida quando o seu objectivo for alcançado. Coube-me, após termos descoberto em Henderson o déspota derrubado, integrar-me entre o seu pessoal doméstico e manter os outros informados dos seus movimentos. Cumpri a minha missão, obtendo o lugar de governanta. Mal ele sabia que a mulher que se lhe apresentava a cada refeição era a mesma cujo marido condenara à morte e mandara matar no espaço de uma hora. Eu sorria-lhe, cuidava das crianças e esperava a oportunidade.