A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 3: A AVENTURA DA CAIXA DE CARTÃO Pág. 42 / 210

Às duas horas da tarde de ontem, o carteiro entregou a Miss Cushing um pequeno embrulho de papel pardo. Tratava-se de uma caixa de cartão cheia de, sal grosso. Ao esvaziá-la, Miss Cushing encontrou, horrorizada, duas orelhas humanas aparentemente cortadas de fresco. A caixa fora enviada pelo correio de Belfast na manhã da véspera. Não trazia o nome do expedidor. O caso é ainda mais misterioso porque Miss Cushing, uma senhora solteira de cinquenta anos, leva uma vida bastante retirada e tem tão poucos conhecimentos ou correspondentes que considera um acontecimento receber seja o que for pelo correio. Há uns anos, contudo, quando residia em Penge, alugou aposentos da sua casa a três jovens estudantes de medicina, a quem se viu obrigada a expulsar devido aos hábitos irregulares e barulhentos que os caracterizavam. A polícia pensa que a partida de extremo mau-gosto pode ter sido obra desses jovens, ressentidos com ela; teriam querido assusta-la ao enviarem-lhe relíquias do teatro anatómico. Esta teoria ganha força pelo facto de um dos estudantes ser natural do Norte da Irlanda - segundo Miss Cushing julga saber, de Belfast. Entretanto, o caso está a ser activamente investigado por Mr. Lestrade, um dos nossos mais perspicazes detectives da polícia.

- Isso é a notícia do Daily Chronicle - disse Holmes quando acabei de ler. - Agora tenho aqui um bilhete do nosso amigo Lestrade, que diz assim:

Penso que, este caso é daqueles feitos para si. Temos esperança de o esclarecer mas deparamos com alguma dificuldade em começar. Claro que telegrafámos para os correios de Belfast, mas, nesse dia, receberam muitas encomendas e não conseguem identificar a que nos interessa nem lembrar-se de quem a expediu.





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