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Ao descermos rapidamente Howe Street, olhei para trás para o edifício que abandonáramos. Vagamente recortada na janela de cima pude ver a sombra de uma cabeça, à espera, rígida, perscrutando a noite, ansiando sem respirar pelo reatamento da mensagem interrompida. À entrada do prédio de Howe Street encontrava-se um homem de capote, encostado ao corrimão. Ficou atónito quando a luz do átrio nos iluminou os rostos.
- Holmes! - exc1amou.
- Gregson! - disse o meu companheiro, apertando a mão do detective da Scotland Yard. - Os dias acabam com encontros de amantes. Que faz por aqui?
- O mesmo que o senhor, creio - respondeu Gregson. - Não sei é como foi que conseguiu descobrir.
- Fios diferentes levando ao mesmo novelo. Tomei nota dos sinais.
- Sinais?
- Sim, daqui de uma janela. Pararam abruptamente. Viemos ver porquê. Mas como o caso, está bem entregue, acho que não vale a pena continuar a investigação.
- Um momento! - exclamou Gregson, ansioso. - Manda a verdade dizer que sempre que o tenho a meu lado.me sinto mais forte. Este prédio só tem uma saída, portanto ele não nos escapará.
- Quem é ele?
- Bom, bom, por uma vez sabemos mais do que o senhor, Mr. Holmes! Chegou a altura de nos felicitar.
Bateu com força com a bengala e logo um cocheiro empunhando um chicote saltou de um trem estacionado do outro lado da rua.
- Posso apresentá-lo a Mr. Sherlock Holmes? - disse Gregson ao cocheiro. - Mr. Leverton, da agência americana Pinkerton.
- O herói do mistério da caverna de Long Island? - perguntou Holmes. - Tenho muito prazer em conhecê-lo, sir.
O americano, um jovem tranquilo com aspecto de homem de negócios, de cara rapada e seca, corou ao ouvir o elogio.